terça-feira, 25 de setembro de 2007
Outro dia, olhei atentamente para meus pais, fiquei parado observando-os e percebi duas pessoas: esse homem, essa mulher como seres humanos, como eu, com inibições, conceitos errados e certos, ternura, alegria, tristezas, lágrimas, percebi que não são perfeitos, graças à Deus, pois ao invés de me sentir desiludido ou enganado, me senti mais confortável, menos maluco, e não só isso, percebi que já não sou criança, sou um homem, adulto.Me modifiquei em vários momentos, a cada coisa nova que aprendi. Mudei. Me readaptei. E, uma dessas coisas que aprendi foi que jamais serei feliz se mudar só para satisfazer o egoísmo de outro. Não posso ter os seus ou os pensamentos deles, não podem me criticar por isso, não posso ver como você, ou ele vê.Agora sei que não sou, e nunca fui, rebelde, se rejeitei suas crenças, eles também rejeitaram as minhas, então quem é rebelde?Não posso moldar a mente de ninguém, como também ninguém pode dizer o que ser, mas tenho um longo caminho a seguir para ser eu.Descobri que somos todos muito parecidos uns com os outros. Todos somos meio loucos... todos se sentem só, todos querem ser aceitos por todos ou por um só. Todos não entendem em alguma parte, essa tal vida.Todos sentimos medos, mas foi aí que descobri que, às vezes, somos diferentes... nem todos enfrentam esses medos, alguns são fortes e encaram a vida de frente, outros se distraem, criticando os outros, ou vivendo por viver, ou se iludindo de algo importante que faz.E, certa vez, ouvi de alguém que somos no fundo eternas crianças, algumas aprendem a brincar direito, aprendem a se importar, contar, representar algo nesse mundo imenso e fazem a diferença, outras apenas ficam mais altas, e talvez eu esteja começando a perceber que essa observação é verdadeira. Nem sempre eu preciso acertar, só preciso sentir e acreditar.“O essencial é invisível aos olhos” (uma frase de um dos meus livros favoritos: “O Pequeno Príncipe” – de Saint - Exupery):“E assim o pequeno príncipe domesticou a raposa. Enquanto se aproximou a hora da partida dele...- Ah – disse a raposa – vou chorar.- A culpa é sua – falou o pequeno príncipe.- Eu nunca lhe desejei mal algum, mas você quis que eu o domesticasse...- É verdade – concordou a raposa.- Mas agora vai chorar – disse o pequeno príncipe.- É verdade – repetiu a raposa.- Então não lhe adiantou nada!- Isso me faz bem – declarou a raposa – por causa da cor dos trigais. – Depois acrescentou: - Vá olhar para as rosas de novo. Agora você há de entender que a sua rosa é única no mundo. Depois volte para se despedir de mim, e eu lhe darei de presente um segredo.O pequeno príncipe foi embora para olhar as rosas de novo.- Vocês não são nada como a minha rosa – disse ele.- Por enquanto, não são nada. Ninguém as domesticou, e vocês não domesticaram ninguém. Vocês são como a minha raposa, quando a conheci. Era uma raposa como mil outras. Mas, eu a tornei minha amiga, e agora ela é única no mundo todo.E as rosas ficaram muito encabuladas.- Vocês são belas, mas são vazias – continuou ele.- Não se poderia morrer por vocês. É verdade, quem passasse distraído acharia que a minha rosa é igualzinha a vocês... a rosa que me pertence.- Mas ela, em si, é mais importante do que todas as centenas de vocês outras rosas; porque foi ela que eu reguei; porque foi ela que pus sob uma cúpula de vidro; porque ela é quem eu abriguei atrás do biombo; porque foi por ela que mandei os lagartos (a não ser duas ou três que salvamos para serem borboletas); porque a ela é que escutei, quando se queixava ou se gabava ou, às vezes, até quando não dizia nada. Porque ela é a minha rosa.E ele voltou para ver a raposa.- Adeus – disse ele.- Adeus – disse a raposa. – E eis o meu segredo, um segredo muito simples. É só com o coração que se pode ver direito; o essencial é invisível aos olhos.- O essencial é invisível aos olhos – repetiu o pequeno príncipe, para não deixar de se lembrar.”Para me encontrar, eu tive que me perder. Por um momento apenas, para encontrar em mim, o que posso me dar e te dar.Foi preciso um momento de confusão, talvez um pouco mais longo do que eu imaginava, para encontrar em seguida o momento de reflexão, de atenção, o que me fez muiiito bem, muito bem mesmo.O tempo me fez de vítima, o relógio parece correr num frenesi irritante e caótico, mas as madrugadas trataram de me dar alguns minutos a mais, senão...A tampa achou a panela, o Romeu encontrou sua Julieta, mas desta vez com final feliz e festa com data marcada. Cedo? Não. Esperei 23 anos sonhando com esse homem, imaginando quem seria, esse rosto se revelou pra mim, aliás, esse corpo também.E que corpo...E que rosto...E que coração...É meu e ninguém taca a mão.Felicidade geral!Percebi que não é só sofrendo, que se aprende. Aprendi muito, sem ter que discutir com alguém, sem ter que fazer alguém chorar. Aprendi, sem ter que chorar. Aprendi com o sorriso, com a alegria, no auge dos melhores momentos, na conversa tranqüila, assim, como quem não quer nada, no dia-a-dia.Descobri, que é possível sim, bem possível, se fazer novos bons amigos, se a gente se permitir. Se abrir, não ficar com um pé atrás, e tentar conhecer de verdade o outro. Fiz boas e novas amizades com pessoas que nunca imaginei, e sinto que essas amizades podem e tem grandes chances de se tornarem velhas e fiéis amizades.Claro, que tive que procurar, cobrar bem, sair de casa, tive disposição à beça, algumas claro, me desculpem a franqueza, não renderam nem o minuto, mas algumas estão se tornando surpreendentes e super interessantes, ah, e acima de tudo, verdadeiras.Não preciso ter razão o tempo todo. Posso, e devo errar. Perguntar tem sido uma prática diária e muito compensadora. E muitas vezes, posso estar certa, e você, ou ele também. Cada um tem um modo de ver diferente, e o que é certo para um, pode não ser o certo para outro, e tudo bem, aprendi a respeitar a diferença, talvez se por no lugar do outro seja um exercício ótimo, pois me ajuda a compreender certos comportamentos e opiniões, que ao meu sentimento e aos meus olhos são completamente desnecessários ou ridículos. Isso não quer dizer que eu concorde ou assimile, mas compreendo e não julgo, apenas respeito.Talvez, ainda precise aprender a me impor mais, houve muitos momentos em que não quis dizer nada, ou não quis dizer o que realmente pensava, pois não queria ver ninguém mal, ou até evitar atritos, e percebi que na verdade o que fiz foi apenas atrasá-los, pois mais cedo ou mais tarde, a coisa toda explode, e como explodiu, foi tudo literalmente pelos ares, e não sobrou ninguém nem pra dizer um tchau. Ai, que dificuldade em dizer não, uma palavra tão simples, não, e pra mim era quase um parto dizê-la, mas, até que nisso eu melhorei quase no finalzinho, mas deu tempo, ufa.O mundo sofreu bastante, as árvores, o verde gritaram socorro. As estações: verão, inverno... ficaram completamente loucas, sem saber que hora chegar, que hora sair, num dia usei short micro, no outro casaco e meia de lã. A imprensa começou a dar um pouco, aliás, pelo tamanho da coisa, só um pouquinho mais de atenção à esse assunto do aquecimento global, que está muito grave.Pela primeira vez na vida, estou completamente dependente de ar condicionado, e graças a Deus, posso me dar esse luxo, e quem não pode, agüenta? Indignação total com o maltrato à nossa mãe, nossa terra.
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