Se a virada na vida a partir dos 50 costuma ser precedida pela acumulação de algum conhecimento não associado à profissão, esse conhecimento, por sua vez, resulta com frequência de uma atitude autodidata.O autodidata é, antes de mais nada, um curioso. Ele frequenta bibliotecas de forma sistemática, sempre se pergunta o porquê das coisas e tenta descobrir as respostas por conta própria. "Eles pesquisam em vários livros, até descobrirem o que querem saber", afirma Marfísia Lancellotti, diretora técnica da Biblioteca Mário de Andrade, de São Paulo.O ponto de partida são as enciclopédias ou os dicionários, mas eles não param por aí. Logo fazem o levantamento bibliográfico e passam a pesquisar em livros, jornais, arquivos e em publicações específicas. Também se valem da troca de correspondência.O meio, por vezes, é mais importante do que o fim. Para o autodidata, o processo da busca de informação chega a ser mais gratificante do que a obtenção do dado procurado, acredita Silvia Gasparian Colello, professora da Faculdade de Educação da USP.Para pessoas com esse perfil, o livro é fonte preferencial de novos conhecimentos. Mesmo a internet, que abriu um vasto campo de pesquisa on-line, não reduziu o interesse pelo livro entre os autodidatas. "Eles sabem que muito da informação da internet vem do livro", diz Marfísia. Mas a rede é importante aliada na busca por informação. "O autodidata sabe que o livro é soberano, mas não é a sua única fonte de informação", afirma.A exigência de diplomas faz com que o autodidata, hoje, canalize seu interesse para um hobby, ao contrário dos antigos, que desenvolviam o seu conhecimento sozinhos e não precisavam de um diploma para filosofar ou criar suas teorias. O hobby traz a vantagem de ser uma pesquisa descompromissada, em que o ritmo de estudo e a sua profundidade é dada pela disponibilidade de tempo da própria pessoa. Em consequência, eles costumam saber do seu hobby até mais do que a própria profissão.Outros começam a estudar pela necessidade de complementar a sua formação acadêmica fora da sala de aula, diz o professor Alípio Casali, da PUC-SP. Fora da academia, criam seus próprios métodos de estudo (ser metódico é um traço da personalidade dos autodidatas) e não abandonam mais a busca pelo autoconhecimento. Alguns acabam se tornando generalistas, daqueles que sabem um pouco sobre tudo. "Mas são uma exceção", acredita José Eduardo Soares de Castro, bibliotecário e coordenador do Colégio São Paulo. "A maioria é de conhecedores profundos dos assuntos que gostam", afirma.
Gente acho que sou autodidata!!!!!!!!!
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